As DGAE e a Liturgia - Parte I Planejamento

As Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2015-2019 e a Liturgia

Parte 1 Planejamento e vida litúrgica

Na última Assembléia da CNBB foi aprovada a revisão das DGAE. Alguns capítulos foram reescritos, outros apenas reorganizados, mas, o que fica muito claro é o desejo da Igreja no Brasil de acompanhar o impulso que o Papa Francisco tem dado para a construção de uma Igreja em estado permanente de missão, uma igreja em saída, renovando as estruturas e sendo sinal da presença de Cristo, principalmente, nas periferias existenciais.
Neste contexto de adaptação e aprofundamento do caminho que a Igreja no Brasil já vem trilhando faremos alguns apontamentos no que diz respeito à espiritualidade pastoral e litúrgica a partir das linhas gerais das novas DGAE.
Para começar vamos ao final do texto das DGAE onde encontramos uma chave de leitura e chamada de atenção para o sentido da Ação Evangelizadora. Todos sabemos a necessidade de aprofundar nossas capacidades técnicas em termos de planejar nossas ações, traçar caminhos e estipular metas no que diz respeito à ação evangelizadora. 
Esta é uma problemática que salta aos nossos olhos quando vemos nossos esforços de evangelização não resultarem em um aprofundamento da vida cristã, ou numa maior aproximação das pessoas com Jesus Cristo, e, mesmo numa reaproximação com a comunidade de fé. Freqüentemente, nosso modo de agir peca pela falta de planejamento, de construção de um projeto que tenha metas claras e estipule estratégias simples e factíveis.
Mas, por outro lado, corremos o risco de imaginar nossa ação evangelizadora como algo parecido com a administração de uma empresa ou com a execução de algum projeto de marketing com um viés religioso.
Essa é a grande chamada de atenção no final do texto das DGAE, é preciso lembrar que o planejamento pastoral deve fazer uso de todas as técnicas disponíveis que nos ajudem a avançar na ação de Evangelizar. No entanto, o planejamento pastoral não se limita a um processo técnico. O planejamento pastoral, por lidar com a ação de Evangelizar, é, por isso mesmo, uma ação carregada de sentido espiritual. Como bem sabemos, é o Espírito que governa a Igreja, por isso, é preciso aprender a equilibrar a necessidade de aperfeiçoar a nossa capacidade técnica com a docilidade ao Espírito de Deus.
Buscar este equilíbrio é o que impede que a Igreja não vá aos extremos, tanto do puro ativismo quanto da acomodação. É urgente superar as estruturas arcaicas, como vinha apontando o Documento de Aparecida e como confirma o Papa Francisco convidando-nos a sair da pastoral da manutenção. Segundo as DGAE, para encontrar o equilíbrio, é preciso que todo o processo de planejamento seja rezado, celebrado de transformado em louvor a Deus. 
Em relação à vida e a vivência litúrgica na igreja nada é diferente. É sempre urgente a necessidade de aprofundar, além do conhecimento e da experiência litúrgica é preciso investir no desenvolvimento de capacidades técnicas para saber planejar, traçar caminhos e estipular metas.
Em relação à espiritualidade litúrgica de uma comunidade é importante que se descubra com clareza quais são as maiores necessidades, seja de conhecimento ou de vivência da liturgia. A partir deste diagnóstico a Pastoral Litúrgica deve estipular as metas a serem alcançadas. 
Com metas claras faz-se o planejamento das ações. Estas ações na espiritualidade litúrgica tem há ver tanto com a formação e vivência quanto com o trabalho de preparar executar e vivenciar os ritos, festas e celebrações no decorrer do ano litúrgico.
Este planejamento é direcionado pelo desejo profundo de que as vivências litúrgicas da comunidade levem a um verdadeiro aprofundamento da vida cristã, uma aproximação com a pessoa de Jesus Cristo e uma maior integração na vida da comunidade.
Por estes mesmos motivos o planejamento da vida litúrgica não se reduz a um processo técnico, mas é um percurso carregado de sentido espiritual no qual a comunidade deixa-se conduzir pela força do Espírito Santo a fim de tornar-se cada vez mais uma comunidade de discípulos missionários alimentados pela vivência da liturgia. 
Assim, também, no planejamento litúrgico da vida da comunidade deve-se equilibrar a necessidade de aperfeiçoamento e uso das capacidades técnicas com a docilidade ao Espírito Santo.
Que nossas comunidades possam encontrar equilíbrio na sua espiritualidade litúrgica fugindo tanto do puro ativismo quanto da acomodação.