Ser Cristão!

Ser cristão significa receber ter a Sagrada Liturgia como a primeira e necessária fonte da vida cristã. É a liturgia, celebração do Mistério Pascal de  Cristo que alimenta a vida cristã, pela Sagrada Liturgia o cristão recebe a Palavra de Deus, alimenta-se do Corpo e Sangue de Cristo participando da atualização do seu sacrifício.
Não é possível ser Cristão sem participar da vida litúrgica da comunidade cristã. Na liturgia acontece o grande encontro entre Deus e a pessoa humana. Não é sem motivos que a assembléia é chamada de Corpo Místico de Cristo, pois assim como um membro precisa estar unido ao corpo para receber o sangue, oxigênio e alimento para viver, respirar e ter força; também cada cristão deve unir-se ao Corpo Místico de Cristo para receber a vida que nasce do sacrifício do Cordeiro, seu sangue; receber o sopro vivificador do espírito Santo; e o alimento da Eucaristia.
Ser Cristão é ter ouvidos, coração e mente atentos para ouvir e entender o que Deus diz. É na liturgia que Ele mesmo se dirige ao fiel quando se lêem as Sagradas Escrituras, quando, como no caminho de Emaús estas mesmas são explicadas em relação à vida de cada  um. Na liturgia temos a oportunidade de falar diretamente ao coração de Deus, expressando nosso louvor e gratidão, colocando em suas mãos nossas dores, angústias e sofrimentos.
A liturgia é o coração e a alma do discipulado. Pois como diz a Sacrossanto Concilium, “a Liturgia é simultaneamente a meta para a qual se encaminha a ação da Igreja e a fonte de onde emana toda a sua força.” A liturgia fornece a ‘pausa restauradora’ na caminhada rumo ao Reino Definitivo. E ao mesmo tempo é a fonte para o fortalecimento da ação missionária da Igreja.
Os sacramentos são a expressão maior da Liturgia, pois eles são a celebração do Mistério Pascal de Cristo. A graça e a presença de Deus que eram visíveis no Cristo, após a sua paixão morte e ressurreição tornou-se visível nos sacramentos. É nesse sentido que podemos dizer que celebramos os sacramentos, que vivemos e experimentamos o Mistério. Não é apenas algo que se recebe ou que é administrado, mas algo que toma e toca todo o nosso ser.
No batismo a filiação divina se confirma, pois, pela entrega de Jesus Deus adotou e redimiu toda a humanidade. Jesus, Filho amado de Deus, apresenta ao Pai todos aqueles que recebeu e que não deixou que se perdessem. No Sacramento do Batismo se faz memória do Mistério Pascal, pois, como o Cristo passa pela morte e tem vida nova, o cristão passando pelas águas batismais renasce para uma vida nova em Cristo, iluminado pela sua Luz, ungido com os dons do Santo Espírito, adotado como filho amado pelo Pai.
A porta de entrada para a Nova Aliança é o sacramento do batismo. Por ele nos tornamos cristãos. Renascidos pela água e pelo Espírito passamos a compor o Corpo Místico de Cristo. Como Cristo, morremos para o mundo e inseridos no seu Corpo, nos tornamos Luz do mundo e Sal da terra.
Na unção do Crisma, nosso corpo é confirmado como Templo do Espírito Santo. Assinalados com a santa unção ficamos marcados para sempre como aqueles que buscam encontrar-se com Deus, viver e manifestar sua presença no nosso meio. Ao revestir-nos do Cristo a sagrada unção nos torna aptos a testemunharmos seu amor, buscando fazer as mesmas coisas que ele fez.
A Eucaristia é o alimento nesta vida na caminhada para a vida eterna do Cristão. É o sacramento primordial, pois, nele o Mistério do Cordeiro é de tal forma celebrado que ele se torna alimento real, verdadeiro para esta vida e a vida eterna.
O centro da vida cristã é a celebração do Sacramento da Eucaristia. Pois nele se faz memória do Sacrifício de Cristo. Este torna-se atual, presente em nossa vida. Não é possível viver como cristão sem se alimentar do Corpo e Sangue de Cristo, sem participar deste mistério.
Além disso, a Eucaristia é que faz a Igreja. É o sacramento da unidade. Neste sacramento nos assentamos com Cristo para que juntos, na mesma mesa possamos contar nossas alegrias, e sofrimentos e mais ainda, nos alimentar para a caminhada cotidiana.
A Igreja vive da Eucaristia. Esta verdade não exprime apenas uma experiência diária de fé, mas contém em síntese o próprio núcleo do mistério da Igreja. É com alegria que ela experimenta, de diversas maneiras, a realização incessante desta promessa: « Eu estarei sempre convosco, até ao fim do mundo » (Mt 28, 20); mas, na sagrada Eucaristia, pela conversão do pão e do vinho no corpo e no sangue do Senhor, goza desta presença com uma intensidade sem par. (Ecclesia de Eucharistia1)
“Da Liturgia, pois, em especial da Eucaristia, corre sobre nós, como de sua fonte, a graça, e por meio dela conseguem os homens com total eficácia a santificação em Cristo e a glorificação de Deus, a que se ordenam, como a seu fim, todas as outras obras da Igreja.” (Sacrossanto Concilium 10)

Vamos encerrar com a oração de São Tomás, citada pelo Papa João Paulo II na encíclica Ecclesia de Eucharistia:

« Bom Pastor, pão da verdade,
Tende de nós piedade,
Conservai-nos na unidade,
Extingui nossa orfandade
E conduzi-nos ao Pai.

Aos mortais dando comida
Dais também o pão da vida:
Que a família assim nutrida
Seja um dia reunida

Aos convivas lá do Céu ».